sexta-feira, 12 de julho de 2013

Estréia!


Olá leitores! 

Temos mais uma estréia aqui no Foletrando, esperamos que vocês mergulhem nessa nova trama!



De: Júlia Lemos

Obra: Opostos





Capitulo 1
O livro

Estava tendo um dia daqueles, esse clima de fim de ano fazia isso, os clientes entravam aos montes na livraria, bagunçavam as prateleiras, compravam, derrubavam livros, queriam saber o preço de toda a loja, era algo estressante, e seu chefe parecia estar sofrendo de TPM naquele dia. E pra coroar aquela manhã entrou ele.
Estava procurando um livro bem específico de administração, e estava enchendo seu saco. Ela já tinha varrido o acervo em busca desse livro e não havia encontrado, não importa quantas vezes o sistema indicasse que havia um no estoque ela não encontrava.
- Bem senhor, não estou encontrando esse livro em lugar algum, talvez o sistema esteja errado.
Ele olhou para ela incrédulo com o que tinha ouvido, franzindo o cenho, de um modo que ela tinha achado irritante.
- Com todo respeito, mas acho mais fácil que o sistema esteja correto, e você não esteja procurando direito, essa é a única livraria que tem esse exemplar pra pronta entrega e estou muito determinado a compra-lo.
“Com todo respeito senhor, porque não vai se foder.” Ela adoraria poder ter dito isso, e estava consciente que por pouco não tinha dito, mas se controlou, colocou um sorriso visivelmente forçado no rosto e respondeu: - Vou procurar novamente.
Depois de mais 10 minutos nas prateleiras, e mais 10 no estoque, ela finalmente teve certeza que aquele exemplar não estava na livraria.
- Eu realmente procurei em todos os lugares possíveis e imagináveis, e provavelmente esse exemplar não está aqui, mas eu poderia pedir pra olharem nas nossas filiais, e pedir para que entregassem aqui, o senhor poderia retira-lo em três dias.
- Em três dias eu pretendo estar discutindo esse livro com meus liderados, eu quero ele hoje, e gostaria de falar com seu gerente.
“Graças a Deus!” Tudo bem, falar com João não era a melhor saída, ela provavelmente levaria uma bronca por isso, mas não aguentaria aquele homem por mais 5 minutos.
- Ótimo!
- Você disse ótimo?
- Disse! E se você se sentir ofendido pode falar pro meu gerente também!
Ela disse isso e saiu em busca de João. Após atender o cliente e realmente descobrir que o livro não estava no estoque, ele conseguiu convencer o cliente a retirar o livro três dias depois. E assim que o homem saiu fez sinal para que ela subisse para o estoque. Pronto, agora ela iria levar sua bronca.
- Amanda onde você estava com a cabeça? O cliente disse que você foi abusada, mal humorada e que só faltou dar pulinhos quando ele pediu para falar comigo? Você é uma ótima vendedora, o que está acontecendo com você hoje?
E como uma boa garota equilibrada, ela começou a chorar. A chorar fazendo barulho.
- Eu não seeeeei! Eu estava procurando a droga do livro em todos os lugares, eu não sabia mais o que fazer, ele ficou fazendo aquela cara irritante pra mim, eu me senti tão, tão... Aaaaaaaaaaa... – E recomeçou sua cena digna de uma criança de 5 anos. O melhor era a cara de João, é como todos os homens ficam quando assistem uma mulher chorar, sem ação. Qualquer outra vendedora seria hostilizada por aquilo, mas não ela, era a melhor, e já estava na loja há um ano.
- Tudo bem , não chore, tenho certeza que deve estar com algum problema pessoal, pode sair vá resolver e quando voltar amanhã me faça o favor de chegar melhor, porque não vou poder aturar mais um ataque desses.
Ela saiu duas horas mais cedo, trabalhava no turno da manhã, das 7:00 as 14:00,  era meio dia, resolveu passar no mercado e ir direto para casa. Comprou um uma lasanha congelada, uma garrafa de vinho suave, e não iria pra faculdade naquela sexta feira nem por decreto. Assim que começou a sentir cólicas entendeu a razão de tanto stress, tomou dipirona, e jogou a comida que tinha comprado na geladeira. Não tinha ninguém em casa. Ela deitou no sofá de camiseta e calcinha, só pra relaxar, em breve se levantaria pra comer.
Acordou quando ouviu o barulho da porta do apartamento, e quando a luz foi acesa ela percebeu o que tinha acontecido. Dormiu até a noite, deveria ser perto das 20:00 horas. Então ela pulou assustada, Fernando tinha chegado em casa, e ela estava de camiseta e calcinha. Ele olhou pra ela se divertindo com a situação.
- Amanda, gostei dos trajes...
Ela correu pro quarto enquanto falava:- Você nem viu isso, faça de conta que nunca aconteceu! – Dando graças a Deus porque usava absorvente interno, se não seu colega de apartamento teria visto as “abinhas” do absorvente, e seria mil vezes pior do que foi. Depois de devidamente vestida ela voltou. Ele estava tirando uma ice da geladeira depois de ter tirado a camisa.
- Você não foi estudar hoje?
- Não, tava cansada, com cólica, com mau humor... Você acredita que eu quase briguei com um cliente hoje?
- Nossa perigosa mesmo ein? Trouxe uns filmes legais, pena que Luíza não vai vir pra casa hoje... – Ele falava enquanto remexia a geladeira.
- Porque ela não vem?
- Viajou de ultima hora, tem haver com a monitoria dela na faculdade, só volta na terça.
Eles três se davam muito bem. Luíza tinha sido a primeira a ocupar o apartamento alugado que os três dividiam. Ela cursava medicina, e vinha de uma família rica, que bancava todos os seus gastos para que ela estudasse medicina em tempo integral. Ela e Amanda se conheciam de Garanhuns, a cidade natal das duas tinham sido vizinhas, e colegas de infância, e quando Amanda resolveu se mudar para o apartamento, depois da morte dos pais, quando ainda fazia cursinho pré-vestibular, não teve nenhum problema, os pais de Amanda não eram tão ricos quanto os de Luiza, tinham sido comerciantes, deixaram uma renda que dava pra mantê-la de maneira razoável, logo ela arranjou um emprego na livraria e as coisas ficaram ainda mais folgadas. Não era o melhor emprego da vida, ela ficava bastante cansada, o salario era normal, mas já estava acostumada, e gostava daquele gostinho de merecer o que recebia, além de adorar aquele ambiente cheio de livros. Fernando tinha chegado no apartamento antes dela, um ano depois que Luíza, quando ela percebeu que compensaria muito mais alugar os quartos vagos e colocou anúncios pela universidade. Depois de algum tempo eles se tornaram quase como uma família, não eram simplesmente jovens dividindo apartamento, eles conversavam, dividiam problemas, eram amigos. Quando sobrava tempo pra isso, claro.
- Legal, adoraria uma viajem agora, na verdade adoraria mesmo que uma alma caridosa colocasse lasanha no microondas, enquanto vou tomar outro dipirona.
Aquele sábado seria mais um dia de trabalho, mas Amanda esqueceu disso, enquanto comia e bebia vinho assistindo um filme de suspense com Fernando. Ele era um cara legal, bonito, as vezes levava algumas garotas pra casa, mas não era o tipo de cara que iludia elas, ele deixava bem claro o que queria, e as tratava bem, do mesmo modo que tratava as garotas da casa. Na verdade tinha uma beleza bem notável. Embora tivesse notado isso desde a primeira vez que o viu, não tinha pensado nele como um possível namorado, casinho ou “ficante”, sempre tinha imaginado que seria muito complicado porque eles moravam na mesma casa, e depois ficaria um clima estranho, então tentou transformar seu apego por ele em nada mais que amizade, e estava funcionando pra eles.
Acordou bem a tempo, Fernando estava deitado no tapete da sala, cabelo desgrenhado, (não mais que o dela) de bermuda e sem camisa, ela estava no sofá, de pijama.
- Nando, acorda, vai pra cama...
Ele levantou como se ainda estivesse bêbado.
- Hum... Já estou indo... Você vai sair?
- Sim. Trabalhar. – Ela disse enquanto entrava no quarto, tirava o uniforme limpo do guarda roupa, e se ajeitava para sair.
Aquele fim de semana correu tranquilo, e a semana se iniciou. O fim de semana que viria depois era muito esperado, sua prima e amiga de infância iria se casar. Ela seria madrinha, e estava feliz como se fosse a própria noiva. E pra ser sincera adorava uma festa formal, era uma desculpa para usar vestidos longos e se cobrir de glamour (Sim isso soa fútil).  Ela estava dentro de seus devaneios pra aquele fim de semana, quando ouviu uma voz familiar.
- Vim buscar um livro, eu encomendei para retirar hoje.
Ao se virar ela pode então ver o dono da voz.
- A... Oi, acho que seu livro chegou, vou buscar só um segundo.
Ela precisava pedir desculpas, precisava que de algum modo o que aconteceu na sexta feira fosse esquecido. Afinal de contas ele era um cliente. Encontrou o livro e voltou.
- O senhor quer embalar pra presente?
- Não. Obrigado.
-Deseja olhar outros livros?
- Não. Obrigado.
- Qual vai ser a forma de pagamento?
- Débito.
Depois de finalizar a compra e empacotar o livro, ela entregou o pacote, mas antes que ele pegasse ela falou: - Olha, eu sei que nada do que eu vá falar vai funcionar, porque você é cliente e eu vendedora, e você está pagando... Mas enfim, eu só queria dizer que não sou tão mal educada, meus pais me ensinaram a ser gentil e essas coisas, eu só estava tendo um dia ruim. Então me desculpe.
- Seus pais te ensinaram mesmo a ser gentil? Não parece. Da próxima vez que você tiver tendo dia ruim é só lembrar que seus clientes não tem nada haver com isso, e só pra você saber eu não vou elogiar você pro gerente.
Por essa ela realmente não esperava. E tudo o que ela queria era mandar ele se danar, mas não podia, outra vez não. Deu um sorriso amarelo e ia dar uma desculpa mal formulada quando ele pegou o pacote e foi embora. Quando não havia mais ninguém em sua frente falou: - Idiota!


Aguardem o próximo capitulo!

Abraços!


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