terça-feira, 16 de julho de 2013

Continuação: Ao Luar



De: Lily Santos
Obra: Ao Luar


Cap. 2
Nascimento


Depois de sugar o primeiro humano o sentimento de culpa só esperou até que o prazer animalesco fosse embora, e ela finalmente se desse conta de que independente do que estava sentindo havia no seu colo o corpo de um homem morto, e aquilo era responsabilidade dela.
- Ah meu Deus, eu... O que foi que eu fiz?
- Se alimentou dele, e não importa o quão má isso te faz sentir, é disso que você precisa para sobreviver agora.
Dara teve uma onda de pânico crescendo dentro de sí, que culminou num choro soluçante. Não queria ser aquele monstro. Passou a mão nos olhos e percebeu que chorava lágrimas de sangue. Então a estranha companheira disse:
- Chorar sangue também faz parte de quem você é agora, não há opções querida, aceite.
Olhando mais uma vez para o corpo do morto pálido ela respondeu:
- Eu não sou uma assassina, não quero ser.
A pequena vampira sorriu.
- Quando você encontrar algo que não seja sangue humano no cardápio de uma vampiro então não será uma assassina, até lá mate de maneira limpa e unicamente para sobreviver, e ninguém vai notar que você existe. Bem vinda a sua nova vida, ou morte... Como é que você se chama mesmo?
- Dara.
- Dara, sou Muriel.
Depois de soltar um papel no ar com seu telefone, ela saiu de lá numa velocidade tão grande que mal deixou pegadas na areia.
Dara levou o corpo de sua primeira vítima para o dique artificial que havia naquele trecho da praia, e de lá o atirou no mar.
Os primeiros dias foram os mais difíceis, Dara teve que abandonar tudo o que tinha lutado pra conquistar em sua vida. Largou o emprego, nunca chegou a se matricular na faculdade. mas não conseguia pensar num modo de afastar os pais, pois ia chegar o momento em que eles iam notar algo, não queria que eles soubessem o que era agora.
No sábado anoite seus pais chegariam, ela não estava com sede ainda, desde a noite da praia já faziam 3 dias. Seu maior medo era perder a razão e matar os pais. Aquela seria a ultima vez que os veria, não podia coloca-los em risco, depois venderia aquele apartamento, que tinha sido um grande presente deles, e iria para longe, depois de alguns anos eles parariam de procura-la, e ela teria a eternidade para se lembrar deles, isso certamente iria doer, mas era necessário. Não sabia como ia conseguir matar novamente, na verdade tinha certeza que conseguiria, mas não estava preparada pra isso ainda. Adiaria esse momento para depois, e se concentraria em planejar os mínimos detalhes.
A casa estava preparada, esperava apenas a campainha tocar avisando que os pais tinham chegado, já tinha recebido uma mensagem da mãe dizendo que iam chegar mais tarde do que previam porque a estrada estava sendo desviada por conta de um acidente, mas já passava da meia noite e começou a sentir que algo não ia bem, nunca tinha sido dada a pressentimentos, talvez isso seja algo que tenha vindo com o vampirismo, mas ela tinha certeza de que tinha acontecido algo, não sabia quem procurar, não podia mais manter contato com os antigos amigos. Ligou para Muriel.
- Alô.
- Eu preciso da sua ajuda, aconteceu alguma coisa com meus pais, queria que você me ajudasse com isso, desculpa mas não conheço mais ninguém que eu possa chamar, não depois de me tornar vampira.
Ela suspirou e respondeu: - Tudo bem, onde te encontro?
- Na minha casa. Deixa eu te dizer como chegar...
- Não precisa, eu sigo seu cheiro.
Em instantes as duas estavam juntas na sala.
- Então novata, o que houve?
- Não sei, meus pais já deveriam ter chegado, eles avisaram que iam se atrasar, mas de repente eu comecei a sentir que algo tinha se rompido, não sei dizer exatamente o que, mas eu tenho certeza que tem relação com meus pais. Não queria sair atrás deles como uma louca, além do que estou com medo do que vou encontrar.
Muriel respondeu impaciente:
- Olha não sou sua criadora, você não pode ligar pra mim toda vez que não souber o que fazer, eu não tenho nenhum tipo de obrigação de cuidar de você!
-Desculpe, eu pensei que talvez... Tudo bem, pode ir eu me viro.
- Já estou aqui, mesmo, sabe por onde seus pais vem?
- Sim, conheço a estrada.
Muriel fazia um rabo de cavalo nos cabelos enquanto respondia: - Então vamos correr por ela, pra tentar encontrar algo, fique o tempo todo atrás de mim, já que não sabe como agir, observe.
Era a primeira vez que Dara corria daquela maneira, se sentia livre, como se nada mais no mundo pudesse retê-la, atingia uma velocidade incrível, e logo estavam na estrada. Quando estavam numa região em que o que restava da mata atlântica tornava a noite mais escura, zona da mata, depois de alguns instantes naquela região todo seu corpo reagiu ao cheiro que já tinha se tornado conhecido. Apesar disso entrou em pânico, então Muriel começou a reduzir a velocidade, e quando ela parou, Dara parou logo atrás vendo instantaneamente a cena que a deixou sem ação.
O carro dos pais estava parado, com as portas abertas, o cheiro de sangue enchia o ar, imediatamente Dara se aproximou, até que pode ver a cena que ficaria gravada em sua mente por toda eternidade. O pai estava sentado ao volante, com a cabeça virada para traz, como se olhasse pra cima, o pescoço estava completamente dilacerado. A mãe estava ao lado na mesma situação, e surpreendentemente havia outro corpo no banco de traz, um jovem rapaz, com o coração arrancado e jogado no banco ao seu lado. O sangue era abundante no carro, fazendo com que a vampira recém-criada não conseguisse manter suas presas escondidas. Precisou de alguns instantes para processar o que via e então começar a chorar, chorar lágrimas sanguineas.
- Você sente esse cheiro?
Dara não respondeu.
- É o mesmo cheiro que senti em você no dia que te conheci, tenho certeza.
Dara soluçava, e só sentia cheiro de sangue.
- Como você consegue prestar atenção em cheiros? Meus pais estão mortos!
- Você tem que parar de ser emocional e pensar, essa morte foi feita por um vampiro, esse lugar está com cheiro de vampiro, e com o mesmo cheiro do vampiro que te criou!
Então secando as lágrimas Dara falou.
- Não bastava me transformar, ele tinha que se alimentar dos meus pais?!
- Ele não fez isso para se alimentar, o sangue está espalhado, os pescoços destroçados, ele quer mandar um aviso.
- Que tipo de aviso?
- Ele está avisando que não quer ser procurado, e parece que fez algo no papel de criador... Antes que você pergunte “Como assim?” Eu respondo, o ultimo resquício de humanidade que sobra quando alguém é transformado são os pais, seus criadores humanos, quando os pais ainda existem não importa o quão sanguinário um vampiro seja, ele ainda tem humanidade, mas quando os criadores humanos morrem, ai nasce o assassino frio que existe dentro de cada vampiro.
Dara ouvia tudo aquilo sem processar bem as informações que recebia, tudo o podia sentir era raiva que crescia dentro de si, era tão forte que precisava colocar pra fora. Sem pensar muito derrubou Muriel no chão, e disse:
- Me diga onde posso encontra-lo?
Mas no mesmo instante Muriel reverteu a situação e a imobilizou completamente. E falou num tom tão calmo que era arrepiante:
- Nunca mais me ataque novamente, posso matar você num piscar de olhos. Não sei onde está seu criador, e mesmo que soubesse você não pode mata-lo, nenhum vampiro pode matar seu criador. Agora vamos embora daqui antes que mais alguém chegue.
Ao dizer isso Muriel liberou Dara.
- Não podemos ir.
- Ótimo então fique você.
E com tal velocidade Muriel saiu como se nunca antes tivesse estado naquele lugar.
Ao ouvir as sirenes Dara também foi obrigada a sair correndo. Mas estava decidida, mesmo que gastasse sua eternidade nisso, sacrificaria qualquer coisa. Um dia iria ver seu criador com o pescoço destroçado, exatamente do jeito que ele tinha feito com seus pais.
A partir daquele dia algo cresceu nela, o desejo de matar, e sabia exatamente como se alimentaria, matando quem causava tudo o que ela tinha sentido naquele dia em outras pessoas, e nunca mais sentiria remorso em matar, não pensaria duas vezes.
Naquele dia nasceu uma vampira fria e sanguinária.


Então pessoal, sigam, comentem, e não esqueçam de curtir nossa pagina no facebook!

Abraços, até a próxima!


Nenhum comentário:

Postar um comentário