De: Lily Santos
Obra: Ao Luar
Cap. 2
Nascimento
Depois de sugar o primeiro humano
o sentimento de culpa só esperou até que o prazer animalesco fosse embora, e
ela finalmente se desse conta de que independente do que estava sentindo havia
no seu colo o corpo de um homem morto, e aquilo era responsabilidade dela.
- Ah meu Deus, eu... O que foi
que eu fiz?
- Se alimentou dele, e não
importa o quão má isso te faz sentir, é disso que você precisa para sobreviver
agora.
Dara teve uma onda de pânico
crescendo dentro de sí, que culminou num choro soluçante. Não queria ser aquele
monstro. Passou a mão nos olhos e percebeu que chorava lágrimas de sangue.
Então a estranha companheira disse:
- Chorar sangue também faz parte
de quem você é agora, não há opções querida, aceite.
Olhando mais uma vez para o corpo
do morto pálido ela respondeu:
- Eu não sou uma assassina, não
quero ser.
A pequena vampira sorriu.
- Quando você encontrar algo que
não seja sangue humano no cardápio de uma vampiro então não será uma assassina,
até lá mate de maneira limpa e unicamente para sobreviver, e ninguém vai notar
que você existe. Bem vinda a sua nova vida, ou morte... Como é que você se
chama mesmo?
- Dara.
- Dara, sou Muriel.
Depois de soltar um papel no ar
com seu telefone, ela saiu de lá numa velocidade tão grande que mal deixou
pegadas na areia.
Dara levou o corpo de sua
primeira vítima para o dique artificial que havia naquele trecho da praia, e de
lá o atirou no mar.
Os primeiros dias foram os mais difíceis,
Dara teve que abandonar tudo o que tinha lutado pra conquistar em sua vida. Largou o emprego, nunca chegou
a se matricular na faculdade. mas não conseguia pensar num modo de afastar os
pais, pois ia chegar o momento em que eles iam notar algo, não queria que eles
soubessem o que era agora.
No sábado anoite seus pais
chegariam, ela não estava com sede ainda, desde a noite da praia já
faziam 3 dias. Seu maior medo era perder a razão e matar os pais. Aquela seria
a ultima vez que os veria, não podia coloca-los em risco, depois venderia
aquele apartamento, que tinha sido um grande presente deles, e iria para longe,
depois de alguns anos eles parariam de procura-la, e ela teria a eternidade
para se lembrar deles, isso certamente iria doer, mas era necessário. Não sabia
como ia conseguir matar novamente, na verdade tinha certeza que conseguiria,
mas não estava preparada pra isso ainda. Adiaria esse momento para depois, e se
concentraria em planejar os mínimos detalhes.
A casa estava preparada, esperava
apenas a campainha tocar avisando que os pais tinham chegado, já tinha recebido
uma mensagem da mãe dizendo que iam chegar mais tarde do que previam porque a
estrada estava sendo desviada por conta de um acidente, mas já passava da meia
noite e começou a sentir que algo não ia bem, nunca tinha sido dada a
pressentimentos, talvez isso seja algo que tenha vindo com o vampirismo, mas
ela tinha certeza de que tinha acontecido algo, não sabia quem procurar, não
podia mais manter contato com os antigos amigos. Ligou para Muriel.
- Alô.
- Eu preciso da sua ajuda,
aconteceu alguma coisa com meus pais, queria que você me ajudasse com isso,
desculpa mas não conheço mais ninguém que eu possa chamar, não depois de me tornar
vampira.
Ela suspirou e respondeu: - Tudo
bem, onde te encontro?
- Na minha casa. Deixa eu te
dizer como chegar...
- Não precisa, eu sigo seu
cheiro.
Em instantes as duas estavam
juntas na sala.
- Então novata, o que houve?
- Não sei, meus pais já deveriam
ter chegado, eles avisaram que iam se atrasar, mas de repente eu comecei a
sentir que algo tinha se rompido, não sei dizer exatamente o que, mas eu tenho
certeza que tem relação com meus pais. Não queria sair atrás deles como uma
louca, além do que estou com medo do que vou encontrar.
Muriel respondeu impaciente:
- Olha não sou sua criadora, você
não pode ligar pra mim toda vez que não souber o que fazer, eu não tenho nenhum
tipo de obrigação de cuidar de você!
-Desculpe, eu pensei que
talvez... Tudo bem, pode ir eu me viro.
- Já estou aqui, mesmo, sabe por
onde seus pais vem?
- Sim, conheço a estrada.
Muriel fazia um rabo de cavalo
nos cabelos enquanto respondia: - Então vamos correr por ela, pra tentar
encontrar algo, fique o tempo todo atrás de mim, já que não sabe como agir,
observe.
Era a primeira vez que Dara
corria daquela maneira, se sentia livre, como se nada mais no mundo pudesse
retê-la, atingia uma velocidade incrível, e logo estavam na estrada. Quando
estavam numa região em que o que restava da mata atlântica tornava a noite mais
escura, zona da mata, depois de alguns instantes naquela região todo
seu corpo reagiu ao cheiro que já tinha se tornado conhecido. Apesar disso
entrou em pânico, então Muriel começou a reduzir a velocidade, e quando ela
parou, Dara parou logo atrás vendo instantaneamente a cena que a deixou sem
ação.
O carro dos pais estava parado,
com as portas abertas, o cheiro de sangue enchia o ar, imediatamente Dara se
aproximou, até que pode ver a cena que ficaria gravada em sua mente por toda
eternidade. O pai estava sentado ao volante, com a cabeça virada para traz,
como se olhasse pra cima, o pescoço estava completamente dilacerado. A mãe
estava ao lado na mesma situação, e surpreendentemente havia outro corpo no
banco de traz, um jovem rapaz, com o coração arrancado e jogado no banco ao seu
lado. O sangue era abundante no carro, fazendo com que a vampira recém-criada não
conseguisse manter suas presas escondidas. Precisou de alguns instantes para
processar o que via e então começar a chorar, chorar lágrimas sanguineas.
- Você sente esse cheiro?
Dara não respondeu.
- É o mesmo cheiro que senti em
você no dia que te conheci, tenho certeza.
Dara soluçava, e só sentia cheiro
de sangue.
- Como você consegue prestar
atenção em cheiros? Meus pais estão mortos!
- Você tem que parar de ser
emocional e pensar, essa morte foi feita por um vampiro, esse lugar está com
cheiro de vampiro, e com o mesmo cheiro do vampiro que te criou!
Então secando as lágrimas Dara
falou.
- Não bastava me transformar, ele
tinha que se alimentar dos meus pais?!
- Ele não fez isso para se
alimentar, o sangue está espalhado, os pescoços destroçados, ele quer mandar um
aviso.
- Que tipo de aviso?
- Ele está avisando que não quer
ser procurado, e parece que fez algo no papel de criador... Antes que você
pergunte “Como assim?” Eu respondo, o ultimo resquício de humanidade que sobra
quando alguém é transformado são os pais, seus criadores humanos, quando os
pais ainda existem não importa o quão sanguinário um vampiro seja, ele ainda
tem humanidade, mas quando os criadores humanos morrem, ai nasce o assassino
frio que existe dentro de cada vampiro.
Dara ouvia tudo aquilo sem
processar bem as informações que recebia, tudo o podia sentir era raiva que
crescia dentro de si, era tão forte que precisava colocar pra fora. Sem pensar
muito derrubou Muriel no chão, e disse:
- Me diga onde posso encontra-lo?
Mas no mesmo instante Muriel
reverteu a situação e a imobilizou completamente. E falou num tom tão calmo que
era arrepiante:
- Nunca mais me ataque novamente,
posso matar você num piscar de olhos. Não sei onde está seu criador, e mesmo
que soubesse você não pode mata-lo, nenhum vampiro pode matar seu criador. Agora
vamos embora daqui antes que mais alguém chegue.
Ao dizer isso Muriel liberou
Dara.
- Não podemos ir.
- Ótimo então fique você.
E com tal velocidade Muriel saiu
como se nunca antes tivesse estado naquele lugar.
Ao ouvir as sirenes Dara também
foi obrigada a sair correndo. Mas estava decidida, mesmo que gastasse sua
eternidade nisso, sacrificaria qualquer coisa. Um dia iria ver seu
criador com o pescoço destroçado, exatamente do jeito que ele tinha feito com
seus pais.
A partir daquele dia algo cresceu
nela, o desejo de matar, e sabia exatamente como se alimentaria, matando quem causava tudo o que ela tinha sentido naquele dia em
outras pessoas, e nunca mais sentiria remorso em matar, não pensaria duas
vezes.
Naquele dia nasceu uma
vampira fria e sanguinária.
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