sábado, 20 de julho de 2013

Continuação!




De: Júlia Lemos
 Obra: Opostos





Capitulo 2

Casório

Estava de malas prontas. Na verdade “malas prontas” é um pouco modesto, perecia que ia se mudar eternamente, ela estava com uma mala gigante, uma capa com seu vestido longo, mais uma sacola para os sapatos e uma nécessaire com todos os artigos de maquiagem que ela tinha, afinal seria madrinha. Assim que desceu na rodoviária viu o carro do seu tio esperando.
- Oi tio!
- Amanda, você só vai passar um fim de semana aqui, porque tantas malas?
- Porque vai ser um casamento, eu preciso me arrumar vou ser madrinha. Por falar nisso a Lua já disse quem vai ser meu par?
Eles entraram no carro.
- Disse, se não me engano é um amigo do noivo dela, chegou se São Paulo a pouco tempo pra trabalhar em Recife.
- Hum, legal, espero que seja bonito, sua sobrinha está muito solteira.
Ele sorriu. Assim que chegou em casa abraçou a tia e ligou pra prima.
- Oi Lua, acabei de chegar, onde vai ser o ensaio? Na igreja? Sim, vou só tomar um banho e me trocar pra ir... O quê? Ele é um gato! Ai então eu vou demorar!
Sua tia colocou a cabeça na porta do quarto: - Quem é um gato?
- O meu par no casamento. Por isso eu vou pro ensaio agora muito gatinha e descolada.
A tia saiu sorrindo.
Ela Tomou banho, arrumou os cabelos cacheados, passou silicone pra dar aquele brilho, passou gloss e rímel. Colocou um vestido soltinho, pegou a bolsa e uma jaqueta, afinal, fim de tarde na serra era friozinho na certa.
- Tio posso usar seu carro?
- Sim, mas cuidado tá?
- Tá.
Durante o percurso ela riu da própria ridicularidade, afinal ela tinha se arrumado toda para um cara estranho. A solteirice estava mexendo com ela.
Assim que chegou na igreja a prima veio abraça-la.
- Amanda! Que saudade! Vem, só tava faltando você pra começar. Deixa eu te apresentar seu par.
De costas ela aprovou o que viu, estatura mediana, moreno, cabelo escuro e ondulado chegando a cobrir o pescoço, atlético, calça jeans, camiseta preta. “Uhuuuu! Jeans e camiseta preta, que combinação!” Ela pensou instantaneamente.
- Noah, essa aqui é Amanda, minha prima, e seu par no casamento.
Então ele virou-se e ela não acreditou no que viu.
- Eu adoraria dizer que é um prazer conhece-la, mas já nos conhecemos não é?
Era ele, o cliente insuportável, ela realmente não tinha sorte.
- É já nos conhecemos, ele compra na loja onde trabalho...
A inocente Luana abriu um sorriso.
- Que bom, vai ser mais fácil pra vocês se enturmarem!
Dessa vez quem riu maliciosamente foi ele.
- Certamente.
Então tudo começou, as moças do cerimonial explicavam tudo, e Amanda não prestava atenção em nada, assim que ouviu o sinal para entrar ela pegou o braço do seu par e se preparou, até que uma voz média falou a seu ouvido: - Esse é o lado do homem. – Era ele, e a voz era incrível, mas a antipatia que ela sentia fazia com que resistisse a qualquer atrativo que Noah pudesse ter. Passou para o lado certo e entrou. Muito apressada, pegando seu par desajeitadamente, sentindo os olhos dos outros padrinhos nela. Então ele segurou firme seu braço tentando fazer com que ela fosse mais devagar. Não gostou e olhou feio pra ele. A mestre do cerimonial pediu que entrassem novamente. E Amanda disse disfarçadamente para seu par: - Para de me puxar se não eu piso no seu pé com meu salto.
- Pare de entrar na igreja como se fosse correr uma maratona então eu não te puxo mais.
As crianças entraram, a noiva, os pais dos noivos, tudo nos conformes, e após o ensaio todos saíram pra jantar num restaurante. Assim que chegaram Luana e Amanda foram para o banheiro.
- Então o que você achou dele?
Amanda deu uma de distraída para não responder.
- Fala Amanda!
- Hum... Ele é chato, sabe ficava me puxando, e ensinando as coisas o tempo inteiro, sem contar que é um cliente super mal educado, você acredita que ele já foi fazer reclamação com meu gerente? Levei a maior bronca.
Luana fez cara de espantada.
- Noah fez isso? É de espantar, ele nunca foi o cara mais falante do mundo mas costuma ser muito educado com as pessoas, vai ver ele estava num dia ruim. ( Na verdade ela estava quem  tinha tido, mas não disse nada)
- E o que tenho haver com o dia ruim dele?
- Dá uma chance vai, ele é bonito, bem resolvido, bem empregado, maduro, tudo o que qualquer mulher quer. – Disse Luana remexendo no cabelo.
- Não sou qualquer mulher.
- Mas tá solteira...
- Mas você é mesmo uma vaca!
Enquanto estavam na mesa Amanda começou a observa-lo disfarçadamente. Era realmente bonito, moreno, rosto forte, mandíbulas marcadas, olhos cor de âmbar. E tinha uma maneira interessante de se movimentar, era como se todos os seus movimentos fossem ensaiados para serem os mais bem executados que possíveis.  Estavam sentados lado a lado, até que ele olhou pra ela e disse:
- E ai gostou?
- Gostou de quê?
Ele sorriu de um modo irritante.
- De mim, você não para de olhar, imagino que deva estar gostando.
Ela ficou vermelha até os fios de cabelo.
- Eu não estava olhando pra você... Mas você tem mesmo que ser essa pessoa desagradável?
Ele continuou sorrindo.
Ao fim do jantar Luana pediu que ela levasse Noah pro hotel, porque ele havia deixado o carro e ido de carona com o noivo, que era seu amigo de longas datas. Enquanto estavam no carro ela tentou não falar muito, mas suas tentativas logo foram invalidadas.
- Então você é uma garota do interior que mora sozinha na capital.
- Sou.
Ele demorou uns instantes e falou novamente:
- Porque quis ir embora daqui?
- Porque aqui não tinha meu curso da faculdade, porque sempre quis ser independente, e porque depois que meus pais morreram eu queria mudar de ares.
Ele respondeu prontamente.
- Me desculpa por perguntar tanto, não queria ter te obrigado a falar dos seus pais.
Ela sorriu.
- Tudo bem, já passei da fase em que esse assunto me deixava triste.  Acho que chegamos.
Ele demorou um pouco, tirou o cinto de segurança, e depois falou: - Boa noite, foi bom te conhecer fora da loja, você parece menos... Estressada.
- E você não parece menos mal educado.
Os dois sorriram e depois ela foi pra casa.
No dia seguinte era o dia do casamento, Amanda acordou muito cedo e foi pro mesmo hotel que a noiva, as duas conversavam e sorriam se divertindo. A cerimonia começaria de noite, mas as 14:00 da tarde começaram a se arrumar. Fizeram todo aquele ritual de beleza que a ocasião exige, massagem, banhos, escova pra preparar os cabelos, penteado, maquiagem, unhas. Então ficaram prontas.
Ao se ver no espelho Amanda estava muito satisfeita. O vestido que usava era magnífico, vermelho, com a saia toda plissada, e em cima havia um corpete decotado por dentro de uma renda transparente, que terminava num decote profundo nas costas, e era fechada por um sequencia de botões que pareciam pequenas pérolas. A maquiagem e os cabelos estavam na vibe certa pra aquela ocasião, Estava se sentindo poderosa. E tentava não pensar no efeito que seu look ia causar no seu par lindochatoqueseacha.
Assim que desceu do prédio ele estava de carro esperando, e ela nem conseguiu reparar se ele estava impressionado com sua produção porque era ela quem estava impressionada. Se ela muito bonito de jeans e camiseta, ficava fora de série de terno.
- Oi Amanda, você está linda.
Ela controlou pra não dizer que ele estava maravilhoso.
- Muito obrigada... Você também está muito lindo.
Então ele abriu a porta, ela entrou e rumaram pra igreja.
No caminho ela tive a brilhante ideia de ajustar o assento do banco. Assim que ele abriu a porta e ela desceu só percebeu que havia algo de errado quando ouviu o som de tecido se rasgando e apenas 15 centímetros de tecido cobriam suas pernas.
- Meu Deus! - Ela gritou quando percebeu que seu vestido tinha ficado preso na parte de baixo do banco quando ajustou.
- Como vou entrar assim Noah?
Ele tentava segurar o riso.
-Não faço a mínima ideia.
- Você tá querendo rir? É sério? Como eu vou explicar pra Luana que não vou entrar? Você sabe há quanto tempo ela planeja esse casamento?
- Liga pra ela e fala o que aconteceu.
- Eu não posso ligar, ela já deve estar nervosa, e vai se estressar mais se eu disser o que tá acontecendo.
- Mas você também não pode deixar as pessoas desavisadas, e só por curiosidade, você pretende ficar seminua aqui no estacionamento mesmo?
Só então ela correu pro carro, ele entrou e se sentou ao lado dela.
- Tudo bem vou ligar. - Ela dizia isso discando o numero de Luana.
-Oi Lua, aconteceu algo horrível, eu rasguei o vestido sem querer e estou quase nua no carro, não tenho como entrar...Não eu não trouxe outra roupa... Tudo bem eu vou tentar fazer algo, eu prometo que vou entrar. - Ela desligou o telefone e disse:- Ela me fez prometer que ia dar um jeito e entrar, nós temos quinze minutos, pode me ajudar?
- A única roupa que tenho nesse carro, é um par de calça e camisa que sempre deixo de reserva, mas são roupas de homem, e ficariam enormes em você.
Mas era a única opção, e ela tinha feito uma promessa.
- Me dá a calça.
- O quê?
- Isso mesmo, me dá a calça.
Ele estava sem acreditar.
- Você não pode entrar com minha calça, não vou entrar com você assim.
- Eu fiz uma promessa, e vou ter que cumprir, e se você não entrar comigo eu entro sozinha.
Ele então pegou a calça, ela tentou transformar o que sobrou do vestido numa blusa, prendeu a calça com uma fita de cetim que dividia a saia e a blusa do vestido. E se dirigiu a igreja. 
Foi assim que debaixo de olhares incrédulos ela cumpriu sua promessa. E virou a piada do ano de todos que estavam no casamento.

Espero que tenham gostado! 

Abraços até a próxima!

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