quarta-feira, 24 de julho de 2013

Continuação!



De: Lily Santos

Obra:  Ao luar




Cap. 3

Eles

A noite Recifense era ótima para um vampiro, as ruas do Recife antigo escondiam algumas boates. No entanto durante a madrugada as ruas não eram tão agitadas, era possível ver algumas ruas com mais pessoas, e a maioria vazia, cenário perfeito para matar sem ser visto.
Mas Dara não estava querendo matar, afinal havia matado o assassino do drogado há pouco tempo, agora ela queria dançar. Havia uma boate chamada “Underground”, que ficava entre os prédios antigos do Recife antigo, era um bom lugar pra se encontrar vampiros, se os humanos fossem bem informados não frequentariam aquele lugar, mas como não eram, lá se encontravam, na mesma medida, humanos e vampiros. 
Depois da morte do traficante Dara foi para a Underground, se vestia como uma jovem comum. Jeans, camisa do AC. DC., allstar branco. Já estava dançando quando sentiu o cheiro dele.
- Pensei que não ia te ver hoje... – A voz grave falou bem junto a seu ouvindo, e depois o seu dono depositou um beijo leve no pescoço dela. Antes de se virar para ver o dono da voz, Dara já sabia quem era.
- De fato eu estive um pouco ocupada...
- Sempre misteriosa, um dia descubro como você ocupa suas noites.
Miguel era um dos poucos vampiros com os quais Dara se permitia conviver, ela não confiava nele, não inteiramente, pois não se confia inteiramente em nenhum vampiro, exceto no seu criador, que no caso dela não tinha aparecido ainda. Tudo bem confiava em Muriel, mas nesse caso era diferente, Muriel passou todo o ultimo ano ensinando tudo o que Dara poderia saber para se manter em sua nova existência. Mas Miguel era alguém interessante, não era alguém que pudesse passar despercebido, não porque era incrivelmente bonito, porque não era, mas era interessante. A maneira como ela reagia não seguia um padrão, poderia ser doce, amoroso, sanguinário, frio e calculista. Dependendo da ocasião e das pessoas com quem ele se envolvesse era possível obter qualquer tipo de reação. Nesse aspecto não era diferente da maioria dos seres humanos, a diferença é que ele não fazia questão de esconder isso.
- Só quando você merecer...
Na verdade ele sabia exatamente o que ela fazia, mas queria saber também o quanto ela confiava nele, e enquanto ela não contasse, ele não diria nada, ele gostava dela. Não esse amor estupido que a maioria das pessoas sente, era algo menos sentimental e mais atrativo, ela era o tipo de vampira com quem ele gostaria de estar em alguns momentos, não sempre, se tinha algo que ela não entendia, ou tinha esquecido como funcionava em ser humano, é essa necessidade de ter alguém com você o tempo inteiro. Miguel acreditava que as pessoas deveriam ser livres, e se encontrar apenas quando tiverem vontade, pra ele isso se parecia mais com amor do toda aquela relação sufocante que os humanos desejavam. Mas quem era ele pra falar de amor? Apenas um vampiro sem sentimentos...
Ele tinha sido o primeiro caso de Dara com um vampiro. Estava longe de ser o único, mas o mais duradouro, hora longe, hora juntos. E todos ficavam felizes assim.
Dançaram juntos, até que algumas horas depois ela o convidou pra ir com ela pra casa. Para ficarem juntos até que o dia amanheça, e eles tenham que deitar e esperar novamente que a noite chegue. 
Pouco antes de amanhecer estavam deitados, ainda nus. Quando ele interrompeu o silencio.
- O que você tá procurando?
- Quem disse que estou procurando algo?
Ele sorriu. 
- Tenho duzentos anos. Algumas coisas ficam bem obvias quando a gente se acostuma com o comportamento dos outros. E você se comporta como se buscasse algo.
- E porque você resolveu falar sobre isso agora?
Ele demorou um pouco e disse:
- Porque você não fala muito sobre si mesma, eu gostaria de conhecer você melhor.
Ela se levantou, vestiu uma camisola e disse:
- Não tem nada pra conhecer. Eu isso que você vê. Se não for suficiente, não posso lhe oferecer mais nada.
Ele tinha demorado muito pra uma abordagem como aquela, porque sabia que acabaria assim, mas era paciente, saberia fazer com Dara fosse sua aliada e confiasse nele.
-Aliás, falta meia hora pro nascer do dia, acho que ainda dá tempo de você ir pra sua casa. 
- Me dispensando? – Perguntou, com uma expressão divertida no rosto, apontando pra si mesmo, como se ele fosse um ser indispensável. – Pelo que lembro da ultima vez que vim, você pediu pra que eu deitasse com você durante o dia.
- Mas hoje eu estou com vontade de ficar só. E você vai estragar tudo se amanhecer e não tiver ido embora. 
- Ácida. – Ele falou, vestiu as roupas e saiu correndo.
...
Naquele dia Dara teve um descanso agitado, porque ouviu um homem que passou o tempo todo tocando a campainha, primeiro de manhã. Logo cedo, depois no meio da tarde. E depois, pelos ruídos que pôde ouvir, ele ficou sentado nos banquinhos em frente ao seu prédio. Mal podia se aguentar para que o dia amanhecesse, afinal quem era ele? E o que ele queria?
Assim que o sol se escondeu ela levantou. Tomou banho, se vestiu, se penteou, e esperou que ele tocasse a campainha, e meia hora depois ele tocou novamente. Pelo interfone ela confirmou que ele era um completo desconhecido. Mas como deixar um humano estranho entrar em sua casa não oferecia mais risco, ela deixou, por pura curiosidade, afinal desde que tinha se tornado vampira que não recebia humanos em sua casa, tinha criado uma espécie de exílio pra si mesma. 
Assim que abriu a porta se deparou com um homem de aproximadamente 28 anos, um pouco mais alto que ela, com aquela cor típica dos brasileiros mestiços. Cabelos e olhos muito escuros, barba por fazer. Bonito.
- Posso ajuda-lo em alguma coisa?
- Dara não é isso? Dara Monfredini?
Ela começou a ficar desconfortável, ele não era um assassino comprovado, mas se fosse necessário o mataria.
- Sou André Luz, irmão de Rodrigo, o jovem que morreu com seus pais ano passado. Estou investigado a morte dele, e por consequência a morte dos seus pais, por iniciativa pessoal mesmo, é possível conversar um pouco com você?
Ela realmente não esperava por aquilo, de fato soube que Rodrigo tinha família e irmãos, mas não esperou ser procurada por nenhum deles, nem que eles tivessem investigando tudo, porque ela mesma tinha tentado e não conseguiu muita coisa. 
- Claro que sim, entre por favor.
Não sabia o que esperar daquela conversa, mas sabia que aquele homem ia lhe gerar problemas.

Aguardem o próximo capítulo! Abraços!

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